Rapsodo...

A poesia para os gregos era um dom concedido pelas Musas; uma graça dos deuses. Fruto de inspiração divina, a poesia era exterior ao poeta. Visão bem diferenciada da que temos hoje, cuja célula propulsora da criação seria o jorrar da subjetividade do próprio artista. Segundo Cícero, ninguém saberia ser poeta se não fosse inflamado pelos espíritos e se não houvesse um sopro inspirado, comparável ao delírio.


Dessa forma, conceituava-se também o poeta como um mestre da verdade. Isto porque as Musas, que soprariam as palavras de sabedoria, seriam filhas da Deusa Mnémosine.

O rapsodo, por sua vez, seria quem interpretava o poeta. O rapsodo era o terceiro da cadeia por onde a “verdade” seguia sendo transmitida. Imagine o seguinte esquema: A musa passa a mensagem para o aedo, que posteriormente é transmitida pelo rapsodo e, seguidamente, transmitida para os ouvintes e entre eles. Essa cadeia, chamada de magnética, um elemento se ligaria e se encadearia ao outro pelo entusiasmo, e pelo mesmo entusiasmo o conhecimento tornava-se sabido e sedimentado.


A “palavra falada” tem o poder de engendra-se na memória coletiva do povo, sendo transmitida pelas gerações como uma fonte real e profunda de conhecimento do que foi, é e será...